sexta-feira, 13 de junho de 2008

Não chorei. Não chorei
quando me atiraram a lança no peito.
Não chorei quando me esfolaram a face.
Não chorei.
Não chorei quando me bateram pelas costas
E me disseram que era fraco.
Ora, porque haveria de ser eu, fraco?
Porque haveria de ser eu o traidor?
Porque haveria eu de ser o culpado de tudo isso?
Mas não chorei.
Ergui a cabeça, agradeci a todos.
Olhei à elas, pedi perdão.
Aí, sim, chorei.
Mas chorei porque o sonho havia acabado.
E chorei porque havia sido amado.
E chorei porque queria tornar tudo melhor.
Então saí.
Dei a mão à carruagem que me perpassava
E tomei destino rumo ao nada,
Hoje só me resta a cova,
Ríspida e brilhante,
E carregada do fascínio com que adimiravam minha força.

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