quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Negações

"A impolidez humana
Retrata toda ignorância
Que assola homo-encéfalos.

Homens rasos
Vestem sapatos sem tacões
E lutam por causas em 180°.

Então se valem de alguns trocados
E compram uma idéia, e são aplaudidos.
Com uma idéia alheia...

Néscios."

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Fortaleza

Segue-se o muro em torno.
Olhares das seteiras procuram por um,
Um que se aproxime.
A casca córnea réptil envolve
E ,morta, vigia à volta.

E o invólucro protege,
Qual broquel,
E cansa, mas não parte.

Envolto na repulsão
Me afasto:
É Fortaleza...

domingo, 26 de outubro de 2008

"parece que eu tô em um sonho ruim, daqueles que a gente se sente sozinho até o fim"

Aí, de repente a gente cai.
Acorda num susto.
Doeu. No coração.
Me disseram que as coisas devem ter seus porquês.
Porque?
Estou tonto.
Meu labirinto se perdeu em si mesmo.

O Hábito e o Trágico

Cozinhava. Enquanto deixava o molho esquentar um pouco dava um susto nas cebolas, pra não corar demais. O cheiro estava instigante; usava um pouco a mais de louro e manjericão naquele dia. O arroz estava quase pronto, faltando para este só mais um pouco de fogo, que viria em breve, quando o molho do macarrão estivesse quase pronto. Cortava a couve em fios bem fininhos. Sua filha gostava assim. Opa! Queimou o dedo. Mas foi só a pontonha, era só colocar na água que aliviava bastante e pronto. Foi à dispensa procurar o óleo. No meio da sua procura achou várias coisas, até algumas caixas com coisas antigas: fotos, cartas e um monte de papéis avulsos. No meio da bagunça achou chumbinho e, com ele na sua mão, pegou a lata de óleo e correu para a cozinha, que ainda havia de fritar os bifes. Naquele dia o almoço seria ótimo; uma delícia. Ao colocar óleo na panela quente, viu o óleo brilhando e se lembrou das brincadeiras de menina, com as misturas na panela da mãe que sempre tinham cores bacanas. Nem exitou: jogou um pouco de chumbinho na frigideira e começou a rodar. Era lindo; o óleo sobre o tom metáliuco fazia brilhar toda a panela. Quase mágica. Mas voltou a ser adulta: colocou o bife de sua filha na panela, fritou, e a deu de comer. "Adultos são insuportáveis", pensou a filha.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Monólogo Pré-adolescente - sobre tudo

Porque o sol nasce amanhã de novo?
Porque as pessoas tem nome?
Porque a gente ri para cumprimentar?
Porque a fala uma coisa e quer falar outra?

(Resposta adulta:)

Porque você não cala a boca?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Pretérito

Era, era, Eras.
Eras mitológicas,
Minotauros em Quimeras,
E Quimeras eram aquelas?
Que eras eram aquelas?
Sabe-se ao certo que se foi;
Era.

Solidão Enorme

Solidão enorme,
Sorri tão enorme,
Só, ri tão enorme,
Só, ri, são, é nome.
Sorisão em mim.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A moça do Pão e o Pão da Moça

Era uma mocinha.
Que vendia pão.
Ela tinha pão
Mas não tinha também.

Era uma palavra difícil,
Era um desses nomes de faculdade.
Não sabia bem,
Mas achava que era
"Alienação do trabalho"
ou "Alinhenação", sabia lá.

Mas o moço do carrão comprava,
A moça da casa de janela grande também,
Até o menino que tinha sapato comprava.
E ela comia os farelos que ficavam no fundo do cesto.

A verdade é que não tinha pão pra moça.
Ela tentou, mas não deu; não foi.

A moça ficou velha e descobriu:
"Alienação." Era assim que falava.

Aprendeu também um coisa bonita;
Era latim.
"Panis et Circences."
Mas não valia pra ela.

A Volta e a Posse

Tentei não desmanchar hoje cedo. Acordei meio mole. Não sabia ao certo o que era aquilo tudo. Talvez alguma gota de saudade de alguma coisa que nem sei, que devo ter perdido na noite passada quando vinha pra casa. As voltas pra casa sempre levam algo consigo, elas são meio possessivas. Uma vez elas levaram uma tal de decência.(Era a época em que muitos políticos andavam em passeatas.) Outra vez elas levaram um amor consigo. Já levaram tanta coisa... levaram tanto que só tenho água e roupa velha. A água tá quase no fim, portanto ela a noite não leva. A noite tem classe; anda bonitona que só; não vai pegar as minhas roupas. Deve ser esse o motivo de eu ter acordado assim hoje. Vou caminhar. Estou indo pra casa.






Assinado: Andarilho Sem Casa

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Transições

Trans-Europe express...
Trans-europe expresso.
Transe, rope, expresso.
Transir, ops, expressive...
Transir o excess.
Transir o ex-press.
Transir o ex-lexical.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Mágicas Administrativas

Mágica #1

Abrakadabra, Alakazam...
PLIM!

Ué... Cadê o dinheiro da campanha
Contra o analfabetismo?

Haha! Mágica!
Sumiu!

Mágica #2

Abrakadabra, Alakazam...
PLIM!

Ué... Cadê o dinheiro
Pra construir casas populares?

Mágica! Sumiu...

Mágica #3

Abrakadabra, Alakazam...
PLIM!

Meu Deus... Que casa bonita!

Mágica! Apareceu aí...

Mágica #4

Abrakadabra, Alakazam...
PLIM!

Meu Deus... Que carrão!
Mágica! Caiu do céu...


E o povo se contenta com comer café da manhã de graça aos domingos...

sábado, 4 de outubro de 2008

Imensa Highway

"Stop!
Pára!
Olha pr'essa highway.
Por que tá tudo parado?"

Era o fim da Highway.
Era uma bomba atômica que explodia.
Todos sublimavam diante da fissão de duas partículas.

Poesia Inútil - parte 2

POESIA


do Lat. poese <> poíesis, acção de fazer alguma coisa


s. f.,
arte de fazer versos;
os diferentes géneros de composição poética;
conjunto de obras em verso, escritas numa determinada língua ou próprias de uma determinada época, de uma corrente literária, etc. ;

fig.,
inspiração;
estado comovido de alma para comunicar entusiasmo lírico ou épico.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Metalinguagem #6 Binomia eu/poesia

Verso, verbo e verso.
Me faço na escrita,
Apago, reescrevo,
Refaço.
Ao fim, me perfaço num verso só.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Masturbações lingüístico-mentais

Termômetro.
Termo-metro.
Termos-metros.
Temos metros.
Temos metrô.
Temos medo.
Termos Medos.
Medos, Termos.
Meios-termos.
Medos de meios termos.
QUÊ?