terça-feira, 22 de julho de 2008

Soneto de Apocalípse

Com o “amai-vos uns aos outros”
Fez-se guerra frente à paz.
E nós, agindo qual potros,
Decapitamos Eros. Ás.

Cortou-se punhos de Vênus,
Que chorava sangue-lágrima.
Fez-se de meu cardo ânus
E escudos cravam minh’alma.

Volveu-se a pútrido o santo,
E amou-se, ao bel-prazer, o ínfimo.
Livrou-se, então, do pranto.

Me vi, então, do ódio íntimo,
Me vi tal qual e tanto quanto
Da guerra e do ódio o cimo.

3 comentários:

Anônimo disse...

"Não, não estou falando em procurar escrever bem: isso vem por si mesmo. Estou falando em procurar em si próprio a nebulosa que aos poucos se condensa, aos poucos se concretiza, aos poucos sobe à tona - até vir como um parto a primeira palavra que exprima"
Clarice Lispector

R. Avancini disse...

A gente vai aprendendo a cospir direito, e nesse treino as coisas vão tomando formas diferente do antes imaginado...


Só pra constar: conheço sua pessoa?

garoto roto disse...

dúbio moleque você, que duplica a coisa a ser dita. e vomita coisa boa. tão boa que dá vontade de comer, de tão ilícita.