Óleo sobre tela; Guache no papel; Fogo sobre vela; Vinho sobre fel. Somos nós água e óleo.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
O Homem e o Engasgo
Era um homem bacana. Confesso que às vezes até bonito era. Mas o mais legal era o saber conversar dele, que sempre distraía todo mundo, sempre atraía todo mundo. O tipo da conversa que parece não ter fim, que sempre tem novidade mesmo em papo repetido. Conversava sobre os gregos e sobre futebol. Filosofava, às vezes, bonito que só. Mas um dia ele ficou calado. Alguma coisa agarrou na garganta dele e o fez ficar sério. Aquele homem bacana d'outrora, eu o via meio verde, mas não um verde de quem passa mal, era um verde meio funesto; funesto e colorido em vários tons. E a coisa ficava prendendo ele, não deixava respirar, nem falar nem chorar. Só prendia. Ele apertava, fazia pressão pra escapar pelos ouvidos ou poelo nariz, tomava água pra ver se desentalava, mas nada ajudava. Um dia tentou apertar. E funcionou! Mas durou pouco, voltou a entalar-lhe o pescoço aquela coisa. Então apertou mais forte. Mesma coisa. Voltou rápido. Teve então uma idéia magnífica. Usar a corda.
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Um comentário:
para mim, me parece assustadoramente auto-biográfico. sugestivo até.
qi, que bosta!
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