domingo, 31 de agosto de 2008

Concessão da alma

Minh'alma saiu do corpo.
Tem agora vida própria
E erra, solta,
Qu'ela é, agora
Livre de meu corpo sujo.

Minh'alma é, agora
Leve e compassiva,
Então a podes ver
E tomá-la para ti,
Caso lhe seja de desejo.

Vê como minhas mãos putrefam,
Vê o bloco de gelo nos olhos,
Ouve a monotonia cardíaca,
Ouve a fraqueza desta voz.
Houve tudo, e minh'alma foi-s'embora.

Leva-a contigo.
Alimenta-a,
Qu'ela agora é tua,
E há de tomar teus frutos,
E alimentá-los, como meus.

2 comentários:

Anônimo disse...

"ouve a monotonia cardíaca"

nem eu crio histórias inteiras com as frases... às vezes eu vivo elas.
mas bem, acho mais interessante assim, quando o outro cria... quando o que está escrito já não é mais meu.

um beijo e uma boa semana.

garoto roto disse...

digo ou diria
será que é?
mas não pode ser...
será? que as coisas
são assim tão simples?
renascem no outro
que não mais eu
passssssssssa
como osmoze?