quinta-feira, 24 de abril de 2008

(em) Construção - réplica -

Comeu pela manhã
Como se fosse príncipe.
Tornou todos seus planos
Mais maquiavélicos.
Fez de toda sua vida
Um buraco mórbido.
Andou mais de uma hora
Já num passo insólito.
Na curva de uma esquina
Vê o boteco sórdido.
Dois goles de cachaça
Move a glote ríspida.
Um tombo face ao chão
Seu rosto estava pálido.
Um toque no seu ombro
Uma resposta gélida.
Um grito de angústia
Seu corpo já é sólido.
Com calma bem de leve
A morte veio rápida...

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Cantou seu Louva-a-Deus
Com seu compasso tétrico.
Abriu sua boca então
Com o seu grito tácito.
Parou seu coração
Como num choque elétrico.
E viu seu fraternal
Irmão de sangue pávido,
Rezou Salve-Rainha
Num choro silábico
-Lamento, oh meu irmão
-a morte veio rápida

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Acolhe seu amor
Com seu abraço tático,
Acariciou seu rosto
Com seu gesto ínfimo:
-Se acalme meu amor
-A morte é mesmo insólita.
-Ataca sem razão
-A morte é mesmo rápida.

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O pobre já deitado
Vem de aborto elétrico,
Sapato e barba feita
Antes de impúbere.
Já nos seus doze anos
Se quedava bêbado.
Aos dezessete anos
Na vida era incrédulo,
Saiu da faculdade
Com a mente pórtica.
De todos seus irmãos
Era o filho pródigo
Não ia à Igreja
Achava-se cético.
Rezava às nove horas
Que achava benéfico.
Lia tudo que é livro,
Interpretava a Bíblia.
Viveu toda sua vida
Em menos de uma década
Difícil impressão
A morte é mesmo rápida...

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