Ficaria sentado algum tempo sentindo a música se não fosse a obrigação de escrever algo. Era sempre aquilo. Nunca ouvia suas músicas por achar que devia escrever. O problema era justamente esse: estava tudo se tornando igual, sempre acontecia a mesma coisa. A faca suja de manteiga - ou margarina, nunca soube distinguir-, o papel no canto da mesa, todo rabiscado. Ah! Havia a mala quase pronta entre a sala e a copa. Devia estar pronta há uns seis meses. Dentro da mala algumas peças de roupa, umas meias, cuecas e uma escova de dente nova; fechada. Faltava somente um caderno e uma caneta. Senta à mesa e escreve. A música continua tocando, mas acaba virando só barulho solto.
Pronto: texto escrito... agora, atenção à música, por favor.
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